"O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano."
Isaac Newton
Em 1800, William Herschel direcionou a luz solar através de um prisma decompondo-a nas cores do arco-íris. Ele então mediu a
temperatura de cada cor e percebeu que ela aumentava do violeta para o
vermelho. Além disso, observou que a temperatura mais alta ficava além do
vermelho, em uma região onde não havia luz e cor. Estava descoberta, portanto,
a radiação infravermelha.
Johann Wilhelm Ritter, por sua vez, verificou que algum tipo de "luz invisível", que se
comportava como os raios de luz violeta, interferiam em reações químicas. Ele
nomeou essa radiação como "raios químicos". Anos mais tarde esse termo deu lugar
a radiação ultravioleta.
Em 1845, Michael Faraday descobriu que a luz
respondia a um campo magnético. Em 1860, James Maxwell formulou equações de onda que descreviam os campos elétrico e magnético,
e que, de acordo com a teoria, essas ondas viajavam à velocidade da luz. Então,
concluiu-se que a luz é uma onda eletromagnética e ela representa apenas uma
pequena parte de todo o espectro
existente. Havia um
universo inteiro escondido além do alcance de nossos olhos.
Nós equacionamos alguns aspectos observados no Universo e isso é
suficiente para ficarmos em paz. Algo só passa a existir para nós quando
podemos observá-lo. Pelo menos essa é a lógica do método científico. Está errado? Não sei. Como seria um mundo baseado em fatos que não
podem ser provados? Provavelmente não haveria verdades absolutas e estaríamos
divididos em grupos em função de cada uma delas. Estranho, o mundo é exatamente
assim. Ou nossos métodos ainda não encontraram a verdade, ou só queremos ser
convencidos de que podemos dormir bem à noite.
Desviando: Chesterton, em seu livro Hereges, diz que a "ciência
consegue analisar uma bisteca suína e dizer quanto dela é fósforo e quanto é
proteína; mas a ciência não consegue analisar qualquer desejo humano por uma
bisteca, e dizer o quanto desse desejo é fome, o quanto é hábito, o quanto é
ansiedade e o quanto é um assombroso amor pelo belo. (...) O desejo do homem
por uma bisteca permanece literalmente tão místico e etéreo quanto seu desejo
pelo Paraíso".
Voltando: De vez em quando eu fico admirado com nossas capacidades. Como
podemos ter evoluído intelectual e cientificamente com nossas lógicas? Talvez a
pergunta correta seja, temos mesmo avançado? Não há um padrão de comparação
para saber se estamos indo rápido ou lento demais, ou onde estamos e onde
podemos chegar. Com a falta de uma referência, o que nos impede de exaltarmos
um pouco nossas equações? Se você não contar nada para ninguém, eu também não
conto.
Algumas coisas são ocultas e fazemos questão de não pensar sobre elas. Torná-las
visíveis pode fazer com que nos envolvamos. Responsabilidade é um fardo que não
carregamos confortavelmente. É difícil falar em verdade absoluta quando estão
em jogo palavras como negligência, cumplicidade e, eventualmente, culpa. (está
vendo, "fui forçado" a associar culpa com a palavra eventualmente) Mesmo o escutar
nos incomoda. Como eu já disse aqui, tapamos os ouvidos,
fechamos os olhos e gritamos: "lah, lah, lah, lah". Assim, os aspectos que não
conseguimos equacionar não tiram nossa paz.
Desviando: Já que 05 de Junho foi o dia do Meio Ambiente, mesmo atrasado,
eu gostaria de citar a obsolescência programada. A maioria dos aparelhos
eletrônicos são feitos com um prazo de validade definido. Vamos focar nos
celulares, por exemplo. Sua durabilidade não é dada pelo esgotamento em função
do uso, mas porque a economia tem que girar. Eles são feitos para serem
substituídos propositadamente após certo tempo. Todo ano são lançadas novas
versões. Os aplicativos são descontinuados em aparelhos mais antigos. Isso tem
uma consequência para o Meio Ambiente, a produção de lixo eletrônico no mundo alcançou 49 milhões de toneladas e a Universidade das Nações Unidas (UNU) prevê quem em 2017 esse número vai aumentar 33%. Lutamos mesmo em favor do Meio Ambiente, ou resume-se novamente àquela questão
de poder dormir bem à noite? A realidade nos é oculta, ou somos nós que não
queremos enxergá-la? Talvez o preço a se pagar seja muito elevado. Não dizem
que cada um de nós tem seu preço?
Voltando: Há relatos de que, certa vez, alguém veio de um "lugar" diferente. Esse alguém nos apresentou uma realidade invisível aos nossos olhos,
tentando nos ajudar, consequentemente, a entender o que podemos ver. Porém, parece
que as respostas que nos são dadas não nos satisfazem completamente. Nós
precisamos das conclusões que podemos encontrar, as tais das equações. Talvez
por isso, pessoas que parecem conhecer alguma verdade absoluta manifestem-se através
de parábolas, metáforas e simbolismos.
O que significaria se alguém que não compartilha das mesmas crenças e
filosofias que nós, que talvez nem mesmo saiba que existam, conseguisse
especificá-las tão bem através de uma mensagem? Consigo pensar em duas
possibilidades. Primeiro, ou a mensagem seria incrivelmente genérica, podendo
ser usada para explicar qualquer crença ou filosofia. Segundo, ou haveria algum
tipo de consciência coletiva prevendo verdades iminentes e inevitáveis.
"Quando
o segundo sol chegar
Para
realinhar as órbitas dos planetas
Derrubando
com assombro exemplar
O
que os astrônomos diriam se tratar
De
um outro cometa
Não
digo que não me surpreendi
Antes
que eu visse, você disse e eu não pude
Acreditar
Mas
você pode ter certeza
De
que o seu telefone irá tocar
(...)
Eu
só queria te contar
Que
eu fui lá fora e vi dois sóis num dia
E a vida que ardia sem explicação"
Enfim, sempre existirão as pessoas que querem dizer e aquelas que não
querem acreditar. Inevitavelmente, um dia os telefones de todas irão tocar.
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