“E se tudo que conhecemos for uma ilusão, e nada existe de verdade? Nesse caso, acho que paguei demais pelo tapete da sala.” Woody Allen
Esses dias tive contato com
uma informação que me colocou no meu lugar.
Ao olhar o quadro
abaixo, em que todo o tempo de existência do Universo foi colocado dentro da
escala de um ano, você e eu só aparecemos a 15 segundos para acabar o ano. Vale
ressaltar que quando eu disse “você e eu” eu estava pensando na humanidade como
a conhecemos hoje e eu aproximei esse momento pela mesma época do surgimento da
escrita, aproximadamente 5000 anos atrás.
Desviando: Uma segunda
consideração que assumi, que faz toda diferença na mesma proporção dessa escala
de tempo, é o fato de que o Universo teve um inicio, o “Big-Bang”. Para trazer
alguma credibilidade a essa possibilidade de não ter existido um “Big-Bang”, eu
deixo aqui o link abaixo (se você se aprofundar no assunto, verá que precisa
aceitar algumas considerações para concordar que o “Big-Bang” ocorreu, pois
então, existem pessoas que não aceitam essas condições de contorno, mas
formulam outras). Big Bang?
Voltando: O Universo está
por aí a tanto tempo (mensurável ou não), acontecendo, sem precisar do planeta
Terra, ou de você ou de mim. E depois que você e eu passarmos, ele vai
continuar por aí, acontecendo, ainda sem precisar de nós. É igual aquele
relacionamento, aquela amizade, aquele emprego, que a gente acha que não vai
continuar dando certo se não tiver a gente lá. Aí, com o pesar da
insignificância, percebemos (aceitando ou negando) que nós não éramos tão
necessários assim.
Talvez você não tenha
pensado mesmo tão profundamente na finitude do planeta e da vida, apesar de ser
um tema bem recorrente nas mais diversas formas de arte. Pois é, o mundo vai mesmo
acabar, e mais rápido do que você pode estar interpretando. Vai ser só pra
você, ou quem sabe vai ser para todo mundo ao mesmo tempo. Vai durar no máximo
mais uns 60, 70 ou 80 anos, depende com quantos anos você está agora e se for
pela ordem natural das coisas. O fim do mundo é algo que se limita por baixo e
não por cima. Por baixo é uma forma mais realista de se ver a coisa, por cima é
uma forma mais romântica. Fato é que uma das duas formas vai acontecer, é só
esperar.
Pensando nessas coisas, tudo
que me cerca deixou de ser trivial. Que “cargas d’água” eu estou fazendo por aqui?
O que é o aqui? O que sou eu pra dizer que estou em algum lugar? Que coisa
surreal é essa? Para que tudo isso? Por que eu deito para dormir a noite e
acordo de manhã, ainda por aqui?
As primeiras respostas que
vieram na minha cabeça estavam relacionadas ao meu endereço, ao meu emprego, ao
meu cargo, ao meu carro, a minha formação etc. Mas concluí que se eu vim para o
lado de cá há quase 35 anos sem nada (seja lá o que “o lado de cá” possa
significar), se o “lado de cá” já existia muito antes de mim, sem que eu fosse
necessário, e eu vou deixá-lo sem nada, o que de fato essas coisas que pensei
de primeiro momento são? São ilusão. Não sei se você já pensou nisso antes, mas
você não tem nada, você nunca teve nada. Você vive a ilusão de achar que tem
alguma coisa, mas o que ocorre de fato é que você paga para todo mundo entrar
na ilusão que você vive. Por exemplo: você comprou uma casa, ou um carro, e
acha que os possui, mas você não tem controle. Esse lugar já existia antes de
você existir e alguém, ou algo, o ocupava. E o seu carro não poderá deixar o “lado
de cá” indo com você também. Esse lugar onde você mora vai continuar existindo
e alguém, ou algo, vai ocupar esse lugar daqui uns 100, 500, 1000 anos.
Então...? Então, você paga para uma instituição bancária, ou para alguém, ou
para uma empresa, para eles te darem um papel que “diz” para todo o resto do mundo
que eles tem que viver a ilusão junto com você, de aceitarem que esse lugar que
você ocupa hoje “é seu”, de que o carro que você dirige é seu. As vezes aparece
alguém que não entra na sua ilusão e leva o que você acha que é seu. O
interessante é a sensação que temos depois: impotência (o tal do pesar da
insignificância). E todo mundo vive junto essa ilusão, pois se quiserem tirar
você dessa ilusão, vão estar tirando a si próprios desse estado de conforto
também, de que tudo é como deveria ser e não poderia ser diferente.
Se você está se prendendo
pela alegoria das palavras, acreditando que estou sendo autentico, sugiro a
você ler o seguinte texto: Eclesiastes, capítulo 1, versos de 2 ao 4. Se ficar
interessado pelo assunto, leia todos os capítulos. Eu te garanto que você vai
ficar com mais dúvidas ainda, do que ter alguma resposta. Já ouvi alguém dizer
que o que move o mundo são as perguntas e não as respostas.
A essa altura, seria bem
óbvio eu dizer que o importante então é o conhecimento, o que se sabe, mas eu
confesso que se o fim de todos nós será o mesmo, coletivamente ou
individualmente, e de que esse fim está mais próximo do que estamos imaginando,
eu não tenho tanta certeza de que a sabedoria faz ou fará alguma diferença. Se
para você conhecimento e sabedoria faz a diferença, esse texto termina por aqui
e fico feliz de saber que alguém conseguiu encontrar as respostas.
Para mim, o texto continua:
Pois quanto maior a sabedoria maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto. Eclesiastes 1:18
Não satisfeito, estou
chegando a conclusão de que eu não vou concluir nada (dizem que a esperança é a
última que morre). Então, acho que apenas vou aproveitar, ou arriscar mais. Me
preocupar menos, mas sem apostar contra o Infinito.
Desviando: Pascal e Fermat contribuíram bastante na busca de uma teoria
matemática sobre aleatoriedade. Eles viveram um período de alguns anos trocando
correspondência, onde cada um tentava contribuir matematicamente com soluções
para as principais questões que envolviam o tema. Algumas semanas após a última
carta enviada, Pascal ficou sentado, em transe, durante duas horas e então
voltou diferente. Doou todos os seus pertences, se desligou de “más
companhias”, passou a viver de esmolas e empréstimos e escreveu: “Mal consigo
me lembrar de que existe algo como a geometria. Vejo-a como algo tão inútil...
É bem possível que eu jamais pense nela novamente”. Mas ainda assim, Pascal
continuou produtivo registrando suas ideias, mas agora sobre Deus, religião e
vida. Tais ideias foram encontradas após sua morte em meio as suas roupas por
uma criada e foram publicadas posteriormente com o titulo de Pensamentos. Em resumo, Pascal chegou a
conclusão de que viver uma vida dedicada ao bem e as coisas aceitáveis a Deus
geraria um resultado infinito (a vida eterna em paz), mas se Deus não existir
as perdas são finitas (as coisas que se deixou de fazer em prol do próprio eu).
Pascal entendia matemática o suficiente para saber que o resultado dessa conta
era infinito (a diferença entre as duas possibilidades), por isso se transformou,
deixou de arriscar contra o Infinito. Aposta de Pascal
Voltando: Talvez esse desvio
que apresentei no texto consiga ter explicado por que resolvi aproveitar a
vida, sem apostar contra o Infinito (os verdadeiros motivos são particulares,
mas vamos deixar na conta da matemática por hoje). Lá no fim, do que vou querer
me lembrar? Dos meus próprios risos, ou dos risos que foram soltos junto com
alguém? Das lágrimas que chorei sozinho, ou das que chorei com alguém? Vou
querer me lembrar que construí algo ou que vivi sozinho? (aqui espero que você
tenha entendido que estou falando de construir relacionamentos). Me lembrar de
tudo que poderia ter tentado fazer, ou de tudo que realmente tentei? De tudo
que deveria ter deixado de fazer, ou de que tentei fazer sempre o que deveria
ser feito?
Ainda não consegui
conclusões sobre as perguntas surreais, mas elas motivaram a escolha de me preocupar
menos com o que tenho, com o que sou e com o onde ou quando. Eu passei a me preocupar
mais com o que eu estou fazendo (já que estou por aqui mesmo, vamos fazer algo).
Mas, novamente, não estou sendo autentico:
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho satisfação neles"; Eclesiastes 12:1
Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas lembre-se que um dia você prestará contas a Deus. Eclesiastes 11:9
E você? O que anda fazendo,
já que está por aqui mesmo? Vai simplesmente continuar decorando a casa?
Muito legal Sandrini, vou acompanhar a página. Vai gostar desse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EjpSa7umAd8. Abs
ResponderExcluirObrigado, Rogério. Muito bom o video!
ExcluirGrande abraço
Que loko Sandrini!! Vou acompanhar tb. Ei! Quero te contratar pra escrever no meu blog...
ResponderExcluirOi Luciano. Será um prazer. Já adicionei o seu na minha lista de blogs seguidos. Fico aguardando sua contribuição também.
ExcluirAbraço
Excelente texto Sandrini!!
ResponderExcluirValeu, Filipe. Não deixe de conferir os outros e dar sua opinião. Abraço
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