sábado, 4 de abril de 2015

Por qual motivo que comprei mesmo aquele tapete?

“E se tudo que conhecemos for uma ilusão, e nada existe de verdade? Nesse caso, acho que paguei demais pelo tapete da sala.” Woody Allen

Esses dias tive contato com uma informação que me colocou no meu lugar.

Ao olhar o quadro abaixo, em que todo o tempo de existência do Universo foi colocado dentro da escala de um ano, você e eu só aparecemos a 15 segundos para acabar o ano. Vale ressaltar que quando eu disse “você e eu” eu estava pensando na humanidade como a conhecemos hoje e eu aproximei esse momento pela mesma época do surgimento da escrita, aproximadamente 5000 anos atrás.


Desviando: Uma segunda consideração que assumi, que faz toda diferença na mesma proporção dessa escala de tempo, é o fato de que o Universo teve um inicio, o “Big-Bang”. Para trazer alguma credibilidade a essa possibilidade de não ter existido um “Big-Bang”, eu deixo aqui o link abaixo (se você se aprofundar no assunto, verá que precisa aceitar algumas considerações para concordar que o “Big-Bang” ocorreu, pois então, existem pessoas que não aceitam essas condições de contorno, mas formulam outras). Big Bang?

Voltando: O Universo está por aí a tanto tempo (mensurável ou não), acontecendo, sem precisar do planeta Terra, ou de você ou de mim. E depois que você e eu passarmos, ele vai continuar por aí, acontecendo, ainda sem precisar de nós. É igual aquele relacionamento, aquela amizade, aquele emprego, que a gente acha que não vai continuar dando certo se não tiver a gente lá. Aí, com o pesar da insignificância, percebemos (aceitando ou negando) que nós não éramos tão necessários assim.

Talvez você não tenha pensado mesmo tão profundamente na finitude do planeta e da vida, apesar de ser um tema bem recorrente nas mais diversas formas de arte. Pois é, o mundo vai mesmo acabar, e mais rápido do que você pode estar interpretando. Vai ser só pra você, ou quem sabe vai ser para todo mundo ao mesmo tempo. Vai durar no máximo mais uns 60, 70 ou 80 anos, depende com quantos anos você está agora e se for pela ordem natural das coisas. O fim do mundo é algo que se limita por baixo e não por cima. Por baixo é uma forma mais realista de se ver a coisa, por cima é uma forma mais romântica. Fato é que uma das duas formas vai acontecer, é só esperar.

Pensando nessas coisas, tudo que me cerca deixou de ser trivial. Que “cargas d’água” eu estou fazendo por aqui? O que é o aqui? O que sou eu pra dizer que estou em algum lugar? Que coisa surreal é essa? Para que tudo isso? Por que eu deito para dormir a noite e acordo de manhã, ainda por aqui?

As primeiras respostas que vieram na minha cabeça estavam relacionadas ao meu endereço, ao meu emprego, ao meu cargo, ao meu carro, a minha formação etc. Mas concluí que se eu vim para o lado de cá há quase 35 anos sem nada (seja lá o que “o lado de cá” possa significar), se o “lado de cá” já existia muito antes de mim, sem que eu fosse necessário, e eu vou deixá-lo sem nada, o que de fato essas coisas que pensei de primeiro momento são? São ilusão. Não sei se você já pensou nisso antes, mas você não tem nada, você nunca teve nada. Você vive a ilusão de achar que tem alguma coisa, mas o que ocorre de fato é que você paga para todo mundo entrar na ilusão que você vive. Por exemplo: você comprou uma casa, ou um carro, e acha que os possui, mas você não tem controle. Esse lugar já existia antes de você existir e alguém, ou algo, o ocupava. E o seu carro não poderá deixar o “lado de cá” indo com você também. Esse lugar onde você mora vai continuar existindo e alguém, ou algo, vai ocupar esse lugar daqui uns 100, 500, 1000 anos. Então...? Então, você paga para uma instituição bancária, ou para alguém, ou para uma empresa, para eles te darem um papel que “diz” para todo o resto do mundo que eles tem que viver a ilusão junto com você, de aceitarem que esse lugar que você ocupa hoje “é seu”, de que o carro que você dirige é seu. As vezes aparece alguém que não entra na sua ilusão e leva o que você acha que é seu. O interessante é a sensação que temos depois: impotência (o tal do pesar da insignificância). E todo mundo vive junto essa ilusão, pois se quiserem tirar você dessa ilusão, vão estar tirando a si próprios desse estado de conforto também, de que tudo é como deveria ser e não poderia ser diferente.

Se você está se prendendo pela alegoria das palavras, acreditando que estou sendo autentico, sugiro a você ler o seguinte texto: Eclesiastes, capítulo 1, versos de 2 ao 4. Se ficar interessado pelo assunto, leia todos os capítulos. Eu te garanto que você vai ficar com mais dúvidas ainda, do que ter alguma resposta. Já ouvi alguém dizer que o que move o mundo são as perguntas e não as respostas.

A essa altura, seria bem óbvio eu dizer que o importante então é o conhecimento, o que se sabe, mas eu confesso que se o fim de todos nós será o mesmo, coletivamente ou individualmente, e de que esse fim está mais próximo do que estamos imaginando, eu não tenho tanta certeza de que a sabedoria faz ou fará alguma diferença. Se para você conhecimento e sabedoria faz a diferença, esse texto termina por aqui e fico feliz de saber que alguém conseguiu encontrar as respostas.

Para mim, o texto continua:
Pois quanto maior a sabedoria maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto. Eclesiastes 1:18
Não satisfeito, estou chegando a conclusão de que eu não vou concluir nada (dizem que a esperança é a última que morre). Então, acho que apenas vou aproveitar, ou arriscar mais. Me preocupar menos, mas sem apostar contra o Infinito.

Desviando: Pascal e Fermat contribuíram bastante na busca de uma teoria matemática sobre aleatoriedade. Eles viveram um período de alguns anos trocando correspondência, onde cada um tentava contribuir matematicamente com soluções para as principais questões que envolviam o tema. Algumas semanas após a última carta enviada, Pascal ficou sentado, em transe, durante duas horas e então voltou diferente. Doou todos os seus pertences, se desligou de “más companhias”, passou a viver de esmolas e empréstimos e escreveu: “Mal consigo me lembrar de que existe algo como a geometria. Vejo-a como algo tão inútil... É bem possível que eu jamais pense nela novamente”. Mas ainda assim, Pascal continuou produtivo registrando suas ideias, mas agora sobre Deus, religião e vida. Tais ideias foram encontradas após sua morte em meio as suas roupas por uma criada e foram publicadas posteriormente com o titulo de Pensamentos. Em resumo, Pascal chegou a conclusão de que viver uma vida dedicada ao bem e as coisas aceitáveis a Deus geraria um resultado infinito (a vida eterna em paz), mas se Deus não existir as perdas são finitas (as coisas que se deixou de fazer em prol do próprio eu). Pascal entendia matemática o suficiente para saber que o resultado dessa conta era infinito (a diferença entre as duas possibilidades), por isso se transformou, deixou de arriscar contra o Infinito. Aposta de Pascal

Voltando: Talvez esse desvio que apresentei no texto consiga ter explicado por que resolvi aproveitar a vida, sem apostar contra o Infinito (os verdadeiros motivos são particulares, mas vamos deixar na conta da matemática por hoje). Lá no fim, do que vou querer me lembrar? Dos meus próprios risos, ou dos risos que foram soltos junto com alguém? Das lágrimas que chorei sozinho, ou das que chorei com alguém? Vou querer me lembrar que construí algo ou que vivi sozinho? (aqui espero que você tenha entendido que estou falando de construir relacionamentos). Me lembrar de tudo que poderia ter tentado fazer, ou de tudo que realmente tentei? De tudo que deveria ter deixado de fazer, ou de que tentei fazer sempre o que deveria ser feito?

Ainda não consegui conclusões sobre as perguntas surreais, mas elas motivaram a escolha de me preocupar menos com o que tenho, com o que sou e com o onde ou quando. Eu passei a me preocupar mais com o que eu estou fazendo (já que estou por aqui mesmo, vamos fazer algo). Mas, novamente, não estou sendo autentico:
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho satisfação neles"; Eclesiastes 12:1
Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas lembre-se que um dia você prestará contas a Deus. Eclesiastes 11:9
E você? O que anda fazendo, já que está por aqui mesmo? Vai simplesmente continuar decorando a casa?

6 comentários:

  1. Muito legal Sandrini, vou acompanhar a página. Vai gostar desse vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=EjpSa7umAd8. Abs

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  2. Que loko Sandrini!! Vou acompanhar tb. Ei! Quero te contratar pra escrever no meu blog...

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    1. Oi Luciano. Será um prazer. Já adicionei o seu na minha lista de blogs seguidos. Fico aguardando sua contribuição também.
      Abraço

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  3. Respostas
    1. Valeu, Filipe. Não deixe de conferir os outros e dar sua opinião. Abraço

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