"A informática foi criada para resolver problemas que não tínhamos antes dela existir."
Desconhecido
Existem pelo menos dois tipos de realismos na física e que aparentemente não se
encaixam bem. Um é o realismo físico e o outro é o realismo quântico
(o universo do muito
pequeno, como átomos, elétrons etc). O elo entre essas duas realidades é instável por causa da intuição, do senso comum, que os seres
humanos tem com relação ao mundo físico.
Qualquer pessoa colocada em frente a uma mesa de bilhar, com algumas bolas
espalhadas sobre ela e com um taco na mão, conhecerá instintivamente os
conceitos da Mecânica Newtoniana sobre força,
impulso, quantidade de movimento e energia. Ninguém precisa ter conhecimentos sobre
a matemática que interpreta esses conceitos para saber como as coisas devem (mais
ou menos) funcionar ao acertar uma bola com o taco em certo ponto, com certo ângulo
e certa força. Qualquer um de nós já criou ou assimilou o senso comum sobre o
mundo físico que nos rodeia. A matemática é apenas um idioma, para quem tiver
interesse, com o qual é possível explicar esse mundo. Já disse Albert Einstein
certa vez: "Nenhum cientista pensa com
fórmulas."
Então, a "descoberta" da realidade quântica trouxe à tona alguns paradoxos, pois as coisas que acontecem naquele nível parecem
ser contrárias a nossa intuição, pelo menos de acordo com o nosso atual nível
de conhecimento. Por exemplo, as ondas eletromagnéticas apresentam a dualidade onda-partícula. A luz,
um tipo de onda eletromagnética, pode se comportar como matéria ou como onda,
dependendo apenas de como "olhamos" para ela. Eu não vou tentar explicar essa
dualidade, pois acabaria me atrapalhando vergonhosamente e você nunca mais leria
os meus textos (você ainda está por aqui?). No entanto, eu consegui achar o
vídeo abaixo que explica de uma forma bem interessante esse paradoxo. Cinco
minutos de "fritarem os neurônios".
Desviando:
"Alice: Qual o caminho que devo seguir?
Gato Maluco: Depende. Para onde você quer ir?
Alice: Para qualquer lugar.
Gato Maluco: Se você quer ir para qualquer lugar,
qualquer caminho serve."
Alice no País das Maravilhas
Voltando: Justamente inconformados com a aparente falta de coesão entre
realidade física e realidade quântica, alguns cientistas "criaram" um outro tipo
de interpretação. Segundo eles, o plano físico, ou o plano macro (por falta de
uma definição melhor) é apenas o resultado de processamentos no nível quântico.
Vejamos alguns exemplos segundo essa interpretação. Primeiro, talvez a
velocidade da luz não seja a constante limitadora, mas pode ser que o Universo
tenha uma velocidade limite de processamento e a luz seria a única coisa capaz de atingir, seja qual for, esse limite. Outro exemplo, se a gravidade curva o espaço, então o espaço deveria estar
contido em algo, mas não poderia ser dentro de outro espaço, pois nesse caso
teríamos uma regressão infinita. Assim, uma
possibilidade seria que o espaço fosse o resultado de um processamento criando
algo vazio. Por último, se conseguíssemos viajar próximo a velocidade da luz, o
tempo passaria muitíssimo devagar, seria análogo a dizer que o Universo está
ocupado demais com uma elevada carga de processamento, por isso "está dando umas
travadas". Enfim, são vários exemplos e você pode conferir cada um deles aqui com mais detalhes.
Se desejar ver a matéria completa em inglês, pode clicar aqui também.
Em qual outro lugar nós também vemos processamentos, que ocorrem em
níveis invisíveis, criarem um mundo visível, macro e útil? Dentro de um computador.
E justamente pensando em computação, eu comparei meus conhecimentos sobre a história
da humanidade (percebi que são bem limitados por sinal) com as diferentes
versões de softwares que os desenvolvedores
disponibilizam frequentemente.
Desviando: Na minha mente, eu tenho a seguinte linha do tempo, mais em
função de um raciocínio por reflexo do que uma pesquisa consciente por dados: Pré-História (algum período
depois dos dinossauros); Idade Antiga (Egípcios, Grécia, Roma);
Idade Média (uma época obscura
na minha mente); Idade Moderna (um bocado de
Independências); e Idade Contemporânea (as duas grandes Guerras Mundiais e o dia de hoje).
Voltando: Vamos escolher uma civilização qualquer, os Egípcios a 3000 ou
4000 anos atrás. Imagine um chefe de família padrão, com uma família padrão
daquela época. Qual era o nome dele? Qual era a primeira ação dele ao se
levantar da cama? Ele parava por alguns segundos sentado? Ele se levantava
rápido? O céu estava escuro ou claro, quando ele saía de casa?
Como ele ia para o trabalho? O que ele pensava durante o caminho? Como eram os
nomes dos filhos dele? Como eles se reuniam para o jantar? Sobre o que
conversavam? Como ele gesticulava ao falar? Falava sobre o que com seus amigos?
O que faziam nas horas vagas? Quais eram os planos de carreira desse homem? O
que ele esperava do futuro? Quais eram suas expectativas? O que ele construiu? Como
foi seu nascimento e sua infância? Como foi sua morte? Quem se lembra dele?
Quando pensamos em cada momento da humanidade, pensamos macro, pensamos
na massa, mas essa massa é feita de processamentos ínfimos, quase desprezíveis,
individuais. Não pensar no pequeno faz o "agora" parecer a única realidade que já
existiu e faz todo o resto parecer nada mais que histórias para entretenimento. Cada
uma das versões da humanidade construiu algo e cada pessoa, no seu dia a dia
exclusivo e individual, participou dessa construção, consciente ou não,
concordando ou não. Aliás, fazem parte da construção as coisas que são feitas
por aqueles que não concordam com ela (paradoxo?). Então, se tentamos pensar no
pequeno, no específico, enquanto conhecemos o resultado do todo, algumas
questões mais capciosas começam a surgir na nossa mente (pelo menos surgem na
minha). O que a nossa versão da humanidade está construindo conosco como cúmplices? Onde queremos
chegar? Como seremos vistos pelas versões futuras?
Todos os dias, sem exceção, eu vejo pessoas em seus carros saindo de
casa, para fazerem exatamente as mesmas coisas que elas e tantas outras pessoas
pelo mundo sempre fazem. Existem bilhões de pessoas, salvo algumas exceções,
vivendo os mesmos tipos de vidas, todos os dias. Buscando os mesmos tipos de
coisas, dia a dia. Eu vejo casas e me pergunto, "por que concreto?" Eu vejo um padrão
de horário e me pergunto, "todo mundo funciona igual?" Eu vejo busca por sucesso
e me pergunto, "quais são as expectativas?" Vejo famílias e me pergunto, "nossos
laços mais constantes não são profissionais?" Vejo cuidado com a forma física e
me pergunto, "por que construímos conforto?" Vejo pressa e me pergunto, "onde
queremos chegar?" Tudo isso faz parte da programação? É isso? Quem definiu a
programação?
Que nível de influência um "bit" é capaz de ter na
tentativa de mudar algo, caso esteja inconformado, insatisfeito, ou não
concorde com a funcionalidade geral do software? O que pode ou consegue
fazer um "bit" que não está conseguindo entender porque todos os outros "bits" consideram tudo tão normal, quando tudo é tão esquisito e não faz o menor
sentido. Como todos os "bits" juntos processam e constroem constantemente, por
livre e espontânea vontade, um software que parece ter como única função
limitar um "bit" a ser nada mais que apenas um "bit"? Que função pode ter um "bit",
se ele não se comportar como um "bit". (Já mencionei algo aqui sobre a questão, o
software é para a máquina ou a máquina para o software?)
Desviando: Em informática existe um recurso chamado de "máquina virtual".
São softwares que permitem simular um sistema operacional dentro de outro
sistema operacional. Uma das grandes vantagens desse recurso é a possibilidade
de criar pontos de restauração. Ou seja, se qualquer problema ocorrer dentro da
máquina virtual, seja um vírus, seja um programa que não deu certo, seja um
arquivo que se corrompeu, sejam dados que se perderam, a qualquer momento é
possível voltar ao ponto de restauração, que foi criado antes do problema ocorrer
e então começar tudo de novo, continuar a partir do ponto onde tudo ainda
funcionava.
Voltando: Talvez, se pudéssemos ter todas as chances possíveis, se
pudéssemos criar pontos de restauração de nossas vidas e recomeçar a qualquer
momento, até conseguirmos encontrar a versão ideal, quem sabe o software não fosse
diferente.
"Eu
estou errado por pensar fora da caixa onde me encontro?
Eu
estou errado por dizer que escolho outro caminho?
Eu
não estou tentando fazer o que todos os outros fazem,
Apenas
por que todos fazem o que fazem.
(...)
Então,
estou errado por pensar que poderíamos ser algo de verdade?
Agora,
eu estou errado por tentar alcançar as coisas que não consigo ver?
(...)
Se
me disser que eu estou errado, eu não quero ser certo."
Por que não conseguimos
compreender a relação entre o "mundo quântico" e o "mundo físico"? Por que não conseguimos ver
além do senso comum?
Créditos: Obrigado
aos amigos RLC e RLM pela sugestão das máquinas virtuais.
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