sexta-feira, 20 de outubro de 2017

Talvez Não Seja Tão Ruim Perder o Trem

"Eu me sinto um estrangeiro / Passageiro de algum trem / Que não passa por aqui / Que não passa de ilusão"



Dias atrás recebi o vídeo abaixo:


Fiquei pensando, o que move essas mulheres? O que as impulsiona dia a dia? Que medo elas têm de modo que se sintam impelidas a continuar nessa rotina? O que há além do trem que valha tanto a pena? Não há outra alternativa de vida? Essa é a única opção? Por que nenhuma delas observa o que está acontecendo ao seu redor? Como nenhuma delas cai em si e não se questiona? Por que nenhuma delas vira as costas para essa realidade, caminha até uma área onde esteja tudo vazio e se liberta da ilusão que a aprisiona? Por que elas não buscam pela sensação de liberdade. Não falo sobre mera necessidade por espaço, mas sim a liberdade da mente, das circunstâncias e, principalmente, dos paradigmas.

Desviando: Já ouviu a fábula sobre o monge e a vaca?

Um monge e seu discípulo seguiam viagem pelo caminho da montanha. Com a aproximação da noite, procuraram onde pudessem descansar. Avistaram uma casinha isolada, simples e rústica, onde morava uma família muito pobre. O monge pediu à família um quarto para pernoitar. O dono da casa ofereceu um pequeno cômodo sem conforto, além de um pouco de alimento, leite e queijo. Enquanto comiam, o monge perguntou ao dono da casa: "Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho, de onde vocês tiram seu sustento?" O dono da casa respondeu: "Temos aqui uma vaca, ela nos dá muito leite, dessa forma vamos sobrevivendo."

No dia seguinte, após se despedir e continuar viagem com o discípulo, furtivamente o monge soltou a vaquinha do pasto e atirou o animal do penhasco. O discípulo, revoltado com o mestre, exclamou que ele havia acabado com a única fonte de sustento da família. O mestre não disse nada e, em silêncio, seguiram viagem.

Passado alguns anos, o monge e seu discípulo precisaram percorrer o mesmo caminho. À noite, resolveram procurar um lugar para descansar novamente. Então, eles foram em direção à casinha rústica da família que os hospedara tempos antes. Chegando lá, viram que o lugar estava diferente. A casa da qual se lembravam não existia mais. Agora, um belo casarão, bem pintado, juntamente com diversas carroças e um agradável jardim. Chamaram pelo dono da casa e este veio recebe-los. Era o mesmo homem de antes, porém bem nutrido, feliz e com roupas novas. Acolheu os monges com um largo sorriso e ofereceu-lhes um quarto muito confortável. Desta vez, a refeição contemplava suco, frutas, pães, queijos, ovos e outras guloseimas. Então, o monge perguntou ao dono da casa: "Neste lugar não há sinais de comércio ou trabalho, de onde vocês tiram seu sustento?" O dono da casa respondeu: "Ocorreu uma tragédia conosco anos atrás, nossa vaca se soltou do pasto e caiu no precipício. Nós entramos em grande aflição e nos vimos obrigados a procurar outras formas de nos manter. Assim, aprendemos a plantar e a cultivar diversas frutas e hortaliças, começamos a fazer produtos próprios e comercializá-los na cidade. Graças à perda da nossa vaca, hoje temos uma vida muito melhor do que antes."

Voltando: Eu direcionei a mim as mesmas perguntas que fiz ao ver o vídeo das mulheres que se espremiam na estação de trem, então entendi cada uma delas. A minha vaquinha ainda não caiu do penhasco.

Agradecimento: Obrigado a RBS por compartilhar o vídeo comigo.

3 comentários:

  1. Nossa Sandrini!! Q profundo. Será q tenho uma vaca na minha vida e não sei?

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    1. Rsrsrs... Provável que sim, Luciano. Todos temos algo que nos impede de buscar a verdadeira felicidade. Abraço e valeu por continuar aparecendo aqui pelo Blog.

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    2. Eu que agradeço Sandrini!! Muito interessante ler seus posts! São ótimos.

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