domingo, 26 de abril de 2015

Ingrediente Secreto do Bolo da Vovó

“Um mosquito é uma pequena criação da natureza para nos fazer pensar melhor sobre as moscas.” André Guillois
O formato mais frequente com os quais as engrenagens se apresentam é o circular, operando em pares, com os dentes de uma se encaixando nos espaços entre os dentes da outra. E elas servem para transmitir energia de uma fonte motora, para uma fonte consumidora.


O conceito matemático que existe por trás das engrenagens e do funcionamento delas, propriamente dito, não é trivial, apesar de completamente dominado pelo homem nos dias atuais. Para que a construção e a eficiência dessas peças atenda a demanda desejada são necessárias algumas boas horas de cálculos sobre a prancheta.

É provável que as engrenagens tenham sido inventadas pelos chineses em torno de 5000 anos atrás. Estima-se que seus primeiros usos foram nas rodas de cerâmicas (aquelas máquinas usadas para fabricar vasos a partir do barro). Bem mais tarde, o Império Romano utilizou engrenagens em moinhos para moer o malte na fabricação de bebidas. Já no século XIII, elas passaram a ser usadas em relógios mecânicos metálicos. A partir do século XVIII foram usadas nos moinhos de vento para bombear água, teares, máquinas a vapor etc. Hoje você pode encontras engrenagens em praticamente todos os tipos de motores elétricos e mecânicos. O seu automóvel tem uma porção delas. Enfim, não faltam engrenagens construídas pelo homem nesse mundo. (Gear Motor Handbook)

Poderíamos terminar esse texto por aqui e você concluiria que a humanidade é mesmo uma espécie singular, capaz de moldar o mundo ao seu redor. Uma espécie criadora, autossuficiente, capaz de guiar o curso de seu próprio futuro.

Mas, obviamente, não vamos terminar o texto por aqui. Vamos falar agora de um animal bem pequeno e insignificante para a existência da dita “espécie singular”. Eu poderia supor que você vivia bem até hoje, sem nunca ter ouvido falar dele. Nós falamos do Issus coleoptratus, um besouro cuja ninfa (fase do desenvolvimento pós-embrionário de insetos) tem essa cara:


OK, o que tem ele? Ele tem um conjunto de engrenagens durante sua fase de ninfa que não foram criadas pelo ser humano. Opa, quer dizer que...? Isso, quer dizer que... (complete as reticências como preferir).

As pernas desse minúsculo besouro, nesta fase do ciclo de vida, possuem engrenagens que permitem que ele salte sem espiralar e alcance grandes distâncias, guardadas as devidas proporções de tamanho. Parece que alguém se debruçou sobre a prancheta antes de nós.


Tem um ditado que eu acho que condensa bem tudo o que foi apresentado até aqui (e vou me referir a ele a partir daqui como “o ditado”):
“O primeiro a apresentar a sua causa parece ter razão, até que outro venha à frente e o questione.” Provérbios 18:17
Desviando: Tenho pra mim que desmontar um relógio de pulso e descobrir como ele funciona não basta para “roubar” a autoria do Santos Dumont (vale lembrar que essa autoria também é questionável, leia aqui). Por outro lado, também existem pessoas que colocam na cabeça a ideia que só tem um jeito de construir o relógio de pulso e desmerecem aqueles que gastam suas horas estudando as outras possibilidades.

Voltando: Você precisa ficar atento. Se não ficar, você ficará sabendo só o que o primeiro a defender a sua causa apresentou. Até eu , com meus textos aqui, estou sendo apenas o primeiro a falar no nosso diálogo. Sua sorte é que meu currículo é bem pequeno, assim você pode aceitar melhor a vontade de seguir como se não tivesse lido nada, sem pensar muito no assunto, mesmo que eu eventualmente tenha alguma razão, e acaba evitando a fadiga de se questionar.

Desviando de novo: O que se diz (ou escreve) tem muita da sua credibilidade associada ao currículo do interlocutor. Isso nos ajuda a aceitar melhor a opinião que vamos passar a ter quando não temos muita certeza sobre o assunto, ou nos convence a mudar de ideia mesmo quando “lá no fundo” a nossa vontade era continuar pensando igual. Mas apesar dessa forma de agir ser a mais recomendada para uma melhor assertividade das próprias opiniões (ou ser a que oferece menos risco), é sempre bom não assumir que o currículo é soberano, exemplo. Com currículo ou não como suporte, questione, não evite a fadiga.

Voltando: Eu consigo dar uma tradução para “o ditado” da seguinte maneira. Em qualquer civilização, de qualquer época, em qualquer cultura, os conceitos mais modernos são considerados fatos até que se tornem mitos (ou fantasia) com o aparecimento de um conceito novo. Isso me faz querer não cometer os mesmos erros das civilizações passadas, mas querer aprender com elas, de que hoje não temos as respostas (quem sabe um dia não chegue um monte de gente com roupas estranhas embarcados em algumas caravelas e nos mostrem que estávamos vivendo nus).

Já que aprendi a lição “do ditado”, quero vir à frente e começar a fazer perguntas. Quantas vezes é preciso que um caminhão, carregando todos os ingredientes necessários para fazer um bolo, tombe de forma que os ingredientes se misturem na proporção certa, sofram ações das intempéries na medida certa e um bolo seja produzido igualzinho ao delicioso bolo da vovó (eu estou desconsiderando os esforços necessários para produzir os ingredientes, armazená-los no compartimento de carga e colocar o caminhão para andar).

Vou te dizer o ingrediente secreto do bolo da vovó, mas vou sussurrar para só você ouvir. O segredo é a vovó.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Orelhas ao Vento

 “O que viveu mais não é aquele que viveu até uma idade avançada, mas aquele que mais sentiu na vida.” Jean-Jacques Rousseau

Grandes estrelas constituídas principalmente de Hidrogênio queimam esse componente primeiro, formando o Helio. Quando a quantidade de Hidrogênio se reduz consideravelmente, o equilíbrio tende ao consumo do Helio, formando componentes mais pesados do ponto de vista atômico, como por exemplo o Carbono. Quando o Helio tende a se esgotar, passa a predominar o consumo dos compostos mais pesados formados anteriormente. Isso ocorre sucessivamente, até se passar por praticamente toda a tabela periódica. Inclusive, quando a formação de Ferro começa a ser predominante no interior de uma estrela, o seu colapso final está há apenas alguns minutos ou segundos de acontecer.

A idade da Via Láctea, onde se encontra o “nosso” sistema solar, é de 13,2 bilhões de anos. Além da “nossa” estrela particular, estima-se ainda que há pelo menos 100 bilhões de outras estrelas só nesta galáxia (há quem tenha estimado mais de 400 bilhões de estrelas e estamos falando apenas de estrelas). Então, podemos inferir que os irmãos mais velhos dos átomos que compõem toda a massa da “nossa” galáxia são quase tão antigos quanto o surgimento do próprio Universo, que estima-se ter ocorrido 13,8 bilhões de anos atrás.

É pertinente citar que as moléculas do seu corpo (isso... dê uma boa olhada na sua própria mão, por exemplo) são formadas predominantemente por Carbono, Oxigênio e Hidrogênio, além do Ferro também, o “carrasco” das estrelas. Imagine quanta história os átomos que compõem o seu corpo teriam para contar se pudessem falar.

Acho que você não deveria considerar tão trivial responder a seguinte pergunta: “qual a sua idade?”.

Mas para não “viajar demais”, ou justamente para tentar “pular fora da panela de água fervendo”, eu vou fazer outra pergunta.

Desviando: Alguns estudos concluíram que um sapo, quando colocado em um recipiente com a mesma água de sua lagoa, não reage enquanto aquecemos a água, até que ela ferva. Ele morre “feliz” achando que tudo continua como deveria ser. Mas se tivéssemos jogado o mesmo sapo já na água fervendo, ele saltaria imediatamente para fora, dolorido porém vivo. Eu não vou testar se isso é verdade, o sapo não merece, mas entender esse axioma serve para entender o que eu quis dizer com “pular fora da panela de água fervendo”.

Voltando: E a pergunta é, “qual a idade da sua alma?”

Minha opinião é que o ser humano nunca deixa de ser criança, pelo menos não intelectualmente quando o assunto é o “próprio umbigo”. Faça alguns exercícios mentalmente: compare o estereótipo de uma reunião de negócios com um grupo de crianças tentando organizar uma partida de futebol, sendo que uma delas é a proprietária da bola e tenta tirar o melhor proveito disso; não acho que seja muito diferente o comportamento de motoristas no trânsito quando comparado ao comportamento de crianças disputando um lugar à fila para o lanche escolar, ou para sua vez em um brinquedo no playground; extrapolando um pouco mais, não tem nada mais semelhante a um cliente “chorando” a compra de um produto ou de um serviço junto ao vendedor do que uma criança testando os limites de sua mãe, tentando conseguir aquela guloseima antes do jantar; finalmente, compare os torcedores de duas equipes diferentes, e os imagine cada um com um brinquedo novo na mão, tentando convencer um ao outro que o próprio brinquedo é o mais legal.

Por que, quando se trata do “próprio umbigo”, os adultos não evoluem e continuam chorando, resmungando e se debatendo como fazem os bebês quando apenas respondem ao próprio instinto de fome, sem muita consciência ainda?

Mas quando o assunto é divertimento, os mesmos adultos não costumam aceitar com a mesma facilidade comportamentos infantis. Inúmeras podem ser as justificativas: é perigoso, é contagioso, está sujo, é patético, é futilidade, é preciso acordar cedo no dia seguinte, o que vão pensar, e por aí vai. A gravata e o salto-alto tem grande poder para cobrar a maturidade de uma pessoa na segunda-feira logo pela manhã. O querer parecer ser é uma máscara que não esconde o rosto, ou uma coleira cuja corrente não está presa na parede.

Nos últimos seis meses fiz algumas coisas das quais não me lembrava a última vez que as tinha praticado: tomei banho de chuva, incluindo umas boas pedradas, como tentativa dos céus de me desanimarem ao mandar granizo junto com a água; andei descalço no asfalto e na grama, e desta vez a terra tentou me convencer do ridículo ao mandar formigas (pow, tenho um blog com o nome de vocês); fiquei do lado de fora da casa, olhando para a lua sem pressa, tentando entender o que era aquela massa gigantesca girando como um móbile pendurado no teto, e não diferente o universo tentou conspirar contra, o celular teimava em ficar sinalizando a chegada de uma mensagem; andei de skate com dois amigos na rua em frente de casa, mas desta vez foi tudo certo, sem acidentes.

Desviando: Eu fiquei pensando sobre minha infância e percebi que naquela época eu tinha o sucesso nas responsabilidades como um meio para convencer os meus pais de que eu poderia aproveitar o resto do dia com o que realmente importava. Aquela velha história, faça a lição de casa, tire boas notas, coma toda a refeição, então você pode se divertir. Em algum momento, a responsabilidade deixou de ser um meio e passou a ser o fim. A responsabilidade passou a ser útil para que eu pudesse alcançar responsabilidades que me dariam mais. O objetivo passou a ser o vestibular, a profissão, as contas, a casa, o projeto. Eu passei a me iludir de que eu tinha que fazer muito mais coisas do que posso dar conta para conquistar o que é importante, mas no momento de aproveitar, não tinha mais fôlego. Sabe aquela história de que os computadores apareceram para resolver um monte de problemas que não tínhamos antes da existência deles? Pois é, esse é o caso aqui também. Acho que foi nesse ponto que deixei de ser criança para me tornar adulto, joguei o garoto na jaula, joguei a chave fora e a missão passou a ser arrumar uma chave nova. Tragicamente cômico.

Voltando: Planeje sua viagem, siga por ela. Você vai chegar lá, eu te garanto (se é que há alguma credibilidade em mim que possa me fazer garantir alguma coisa), mas não se esqueça de aproveitar o vento no rosto pelo caminho, pois é só disso que você vai se lembrar no final. Levantar o troféu será pontual (se é que há um pote de ouro no final do arco-íris), mas nessa corrida você só vai poder percorrer o circuito uma única vez.


Como está a sua viagem? Você está tentando pegar o máximo de vento possível no rosto? Ou você só se preocupa em chegar mesmo sem ter muita certeza onde? Aliás, já se perguntou onde quer chegar? Que tal acrescentar uma boas histórias para quando os seus átomos puderem falar daqui uns bilhões de anos?

sábado, 4 de abril de 2015

Por qual motivo que comprei mesmo aquele tapete?

“E se tudo que conhecemos for uma ilusão, e nada existe de verdade? Nesse caso, acho que paguei demais pelo tapete da sala.” Woody Allen

Esses dias tive contato com uma informação que me colocou no meu lugar.

Ao olhar o quadro abaixo, em que todo o tempo de existência do Universo foi colocado dentro da escala de um ano, você e eu só aparecemos a 15 segundos para acabar o ano. Vale ressaltar que quando eu disse “você e eu” eu estava pensando na humanidade como a conhecemos hoje e eu aproximei esse momento pela mesma época do surgimento da escrita, aproximadamente 5000 anos atrás.


Desviando: Uma segunda consideração que assumi, que faz toda diferença na mesma proporção dessa escala de tempo, é o fato de que o Universo teve um inicio, o “Big-Bang”. Para trazer alguma credibilidade a essa possibilidade de não ter existido um “Big-Bang”, eu deixo aqui o link abaixo (se você se aprofundar no assunto, verá que precisa aceitar algumas considerações para concordar que o “Big-Bang” ocorreu, pois então, existem pessoas que não aceitam essas condições de contorno, mas formulam outras). Big Bang?

Voltando: O Universo está por aí a tanto tempo (mensurável ou não), acontecendo, sem precisar do planeta Terra, ou de você ou de mim. E depois que você e eu passarmos, ele vai continuar por aí, acontecendo, ainda sem precisar de nós. É igual aquele relacionamento, aquela amizade, aquele emprego, que a gente acha que não vai continuar dando certo se não tiver a gente lá. Aí, com o pesar da insignificância, percebemos (aceitando ou negando) que nós não éramos tão necessários assim.

Talvez você não tenha pensado mesmo tão profundamente na finitude do planeta e da vida, apesar de ser um tema bem recorrente nas mais diversas formas de arte. Pois é, o mundo vai mesmo acabar, e mais rápido do que você pode estar interpretando. Vai ser só pra você, ou quem sabe vai ser para todo mundo ao mesmo tempo. Vai durar no máximo mais uns 60, 70 ou 80 anos, depende com quantos anos você está agora e se for pela ordem natural das coisas. O fim do mundo é algo que se limita por baixo e não por cima. Por baixo é uma forma mais realista de se ver a coisa, por cima é uma forma mais romântica. Fato é que uma das duas formas vai acontecer, é só esperar.

Pensando nessas coisas, tudo que me cerca deixou de ser trivial. Que “cargas d’água” eu estou fazendo por aqui? O que é o aqui? O que sou eu pra dizer que estou em algum lugar? Que coisa surreal é essa? Para que tudo isso? Por que eu deito para dormir a noite e acordo de manhã, ainda por aqui?

As primeiras respostas que vieram na minha cabeça estavam relacionadas ao meu endereço, ao meu emprego, ao meu cargo, ao meu carro, a minha formação etc. Mas concluí que se eu vim para o lado de cá há quase 35 anos sem nada (seja lá o que “o lado de cá” possa significar), se o “lado de cá” já existia muito antes de mim, sem que eu fosse necessário, e eu vou deixá-lo sem nada, o que de fato essas coisas que pensei de primeiro momento são? São ilusão. Não sei se você já pensou nisso antes, mas você não tem nada, você nunca teve nada. Você vive a ilusão de achar que tem alguma coisa, mas o que ocorre de fato é que você paga para todo mundo entrar na ilusão que você vive. Por exemplo: você comprou uma casa, ou um carro, e acha que os possui, mas você não tem controle. Esse lugar já existia antes de você existir e alguém, ou algo, o ocupava. E o seu carro não poderá deixar o “lado de cá” indo com você também. Esse lugar onde você mora vai continuar existindo e alguém, ou algo, vai ocupar esse lugar daqui uns 100, 500, 1000 anos. Então...? Então, você paga para uma instituição bancária, ou para alguém, ou para uma empresa, para eles te darem um papel que “diz” para todo o resto do mundo que eles tem que viver a ilusão junto com você, de aceitarem que esse lugar que você ocupa hoje “é seu”, de que o carro que você dirige é seu. As vezes aparece alguém que não entra na sua ilusão e leva o que você acha que é seu. O interessante é a sensação que temos depois: impotência (o tal do pesar da insignificância). E todo mundo vive junto essa ilusão, pois se quiserem tirar você dessa ilusão, vão estar tirando a si próprios desse estado de conforto também, de que tudo é como deveria ser e não poderia ser diferente.

Se você está se prendendo pela alegoria das palavras, acreditando que estou sendo autentico, sugiro a você ler o seguinte texto: Eclesiastes, capítulo 1, versos de 2 ao 4. Se ficar interessado pelo assunto, leia todos os capítulos. Eu te garanto que você vai ficar com mais dúvidas ainda, do que ter alguma resposta. Já ouvi alguém dizer que o que move o mundo são as perguntas e não as respostas.

A essa altura, seria bem óbvio eu dizer que o importante então é o conhecimento, o que se sabe, mas eu confesso que se o fim de todos nós será o mesmo, coletivamente ou individualmente, e de que esse fim está mais próximo do que estamos imaginando, eu não tenho tanta certeza de que a sabedoria faz ou fará alguma diferença. Se para você conhecimento e sabedoria faz a diferença, esse texto termina por aqui e fico feliz de saber que alguém conseguiu encontrar as respostas.

Para mim, o texto continua:
Pois quanto maior a sabedoria maior o sofrimento; e quanto maior o conhecimento, maior o desgosto. Eclesiastes 1:18
Não satisfeito, estou chegando a conclusão de que eu não vou concluir nada (dizem que a esperança é a última que morre). Então, acho que apenas vou aproveitar, ou arriscar mais. Me preocupar menos, mas sem apostar contra o Infinito.

Desviando: Pascal e Fermat contribuíram bastante na busca de uma teoria matemática sobre aleatoriedade. Eles viveram um período de alguns anos trocando correspondência, onde cada um tentava contribuir matematicamente com soluções para as principais questões que envolviam o tema. Algumas semanas após a última carta enviada, Pascal ficou sentado, em transe, durante duas horas e então voltou diferente. Doou todos os seus pertences, se desligou de “más companhias”, passou a viver de esmolas e empréstimos e escreveu: “Mal consigo me lembrar de que existe algo como a geometria. Vejo-a como algo tão inútil... É bem possível que eu jamais pense nela novamente”. Mas ainda assim, Pascal continuou produtivo registrando suas ideias, mas agora sobre Deus, religião e vida. Tais ideias foram encontradas após sua morte em meio as suas roupas por uma criada e foram publicadas posteriormente com o titulo de Pensamentos. Em resumo, Pascal chegou a conclusão de que viver uma vida dedicada ao bem e as coisas aceitáveis a Deus geraria um resultado infinito (a vida eterna em paz), mas se Deus não existir as perdas são finitas (as coisas que se deixou de fazer em prol do próprio eu). Pascal entendia matemática o suficiente para saber que o resultado dessa conta era infinito (a diferença entre as duas possibilidades), por isso se transformou, deixou de arriscar contra o Infinito. Aposta de Pascal

Voltando: Talvez esse desvio que apresentei no texto consiga ter explicado por que resolvi aproveitar a vida, sem apostar contra o Infinito (os verdadeiros motivos são particulares, mas vamos deixar na conta da matemática por hoje). Lá no fim, do que vou querer me lembrar? Dos meus próprios risos, ou dos risos que foram soltos junto com alguém? Das lágrimas que chorei sozinho, ou das que chorei com alguém? Vou querer me lembrar que construí algo ou que vivi sozinho? (aqui espero que você tenha entendido que estou falando de construir relacionamentos). Me lembrar de tudo que poderia ter tentado fazer, ou de tudo que realmente tentei? De tudo que deveria ter deixado de fazer, ou de que tentei fazer sempre o que deveria ser feito?

Ainda não consegui conclusões sobre as perguntas surreais, mas elas motivaram a escolha de me preocupar menos com o que tenho, com o que sou e com o onde ou quando. Eu passei a me preocupar mais com o que eu estou fazendo (já que estou por aqui mesmo, vamos fazer algo). Mas, novamente, não estou sendo autentico:
Lembre-se do seu Criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e antes que se aproximem os anos em que você dirá: "Não tenho satisfação neles"; Eclesiastes 12:1
Alegre-se, jovem, na sua mocidade! Seja feliz o seu coração nos dias da sua juventude! Siga por onde seu coração mandar, até onde a sua vista alcançar; mas lembre-se que um dia você prestará contas a Deus. Eclesiastes 11:9
E você? O que anda fazendo, já que está por aqui mesmo? Vai simplesmente continuar decorando a casa?