"Este é o fim do mundo como nós o conhecemos, e eu me sinto bem."
O artigo deste link apresenta um estudo sobre as taxas de fecundidade
no Brasil. Apesar de ter sido publicado no ano de 2006, portanto os dados estão
desatualizados, e tratar especificamente da redução que vem ocorrendo de forma
geral com as taxas no país, meu objetivo é chamar a atenção para a seguinte
informação, o nível de escolaridade e a renda das mulheres são inversamente
proporcionais a taxa de fecundidade. Quanto maior é o nível intelectual, menor é
o número de nascimentos.
Este outro quadro, agora com dados mundiais de 2014, reforça exatamente esse mesmo
aspecto. Países mais industrializados, com população "mais desenvolvida" intelectualmente, tendem a apresentar taxas de fecundidade mais baixas. A taxa
de reposição, por exemplo, é um valor de referência e mundialmente definido como
dois filhos por mulher. Um país que tenha taxa de fecundidade abaixo deste índice
apresentará envelhecimento e redução da população. Por outro lado, países com
valores acima da taxa de reposição indicam falta de acesso da população a
informações e serviços de saúde reprodutiva, por exemplo.
Recentemente, Giulio Meotti, Editor Cultural do Diário Il Foglio, publicou essa matéria interpretando alguns dados sobre fecundidade versus crescimento
populacional na Europa. Em 2015, ocorreram 5,1 milhões de nascimentos na União
Europeia, enquanto registrou-se 5,2 milhões de mortes. Foi a primeira vez na
história moderna que um crescimento vegetativo negativo foi apurado na Europa.
Porém, o mais surpreendente foi que, neste mesmo período, a população europeia
cresceu de 508 milhões para 510 milhões, ou seja, um aumento de 2 milhões em um
único ano. O que isso significa? A população na Europa passou por um processo
de substituição. Europeus deram lugar a imigrantes.
A partir daqui, tomaremos a teoria de Charles Darwin como a única
resposta que se pode dar sobre a evolução da vida em "nosso" planeta. Levando em
conta as informações apresentadas, sobre as variáveis que impactam nas taxas de
fecundidade e sobre a substituição da população na Europa, podemos inferir que o
aperfeiçoamento intelectual não contribui com a perpetuação da vida, especificamente
com a manutenção de nossa existência. No mínimo, a partir de determinado ponto,
o desenvolvimento cerebral terá o efeito inverso, ele reduzirá os nossos
números.
Desviando: Talvez o surgimento de espécies como a nossa, com um cérebro
evoluído, tenha sido um risco que a Natureza "aceitou" correr. Quem sabe, ela "soubesse" que nós a devastaríamos, mas no futuro tenderíamos a um equilíbrio. Quando ela
nos "criou", é possível que tivesse "previsto" que dentro de alguns milhões de anos,
cenas de filmes pós-apocalípticos, como Mad Max, se tornariam
realidade. Hoje, confrontando os números populacionais no planeta, mais de 7
bilhões de habitantes, contra a capacidade da Natureza em prover recursos,
talvez isso só esteja há algumas décadas de acontecer.
Aliás, eu tive um professor na faculdade que dizia algo interessante.
Segundo ele, nós nunca seremos capazes de destruir a Natureza. Antes, os seres
humanos serão eliminados por falta de recursos em virtude da degradação
ambiental. Uma vez que deixemos de existir, ou que nossa população seja
consideravelmente reduzida, o meio ambiente voltará a evoluir, seja como ele era
em suas épocas áureas, ou seja de uma forma completamente nova. Nós seríamos
apenas mais um componente da seleção natural a ser superado pela vida.
Voltando: Portanto, quem são os fortes do ponto de vista da "lei da selva"?
A mente ou os músculos? Pois foi elucubrando sobre isso que não pude deixar de
lembrar do seguinte ditado, "os últimos
serão os primeiros". A quem possa ter curiosidade, isso foi dito pelo mesmo
autor do "Sermão da Montanha", onde constam outras citações, também pertinentes a este assunto, entre
elas, "bem-aventurados os humildes, pois
eles receberão a terra por herança".
É incrível como palavras de dois mil anos atrás soam mais atuais do que
podem ter significado no período em que foram ditas. Veja se não é um paradoxo.
Estas mesmas sábias palavras mostram possuir mais conteúdo do que imaginamos à
medida que evoluímos intelectualmente. Em paralelo, o nosso desenvolvimento
mental é carregado de consequências negativas que tendem a nos "dizimar". Ou o
cérebro foi um erro, ou o erro é a forma como o estamos utilizando.
Desviando: Mario Sergio Cortella diz neste vídeo que a única coisa
que um ser humano quer em sua essência é comer, excretar e descansar. Ele cita,
por exemplo, que os melhores anúncios de qualidade de vida hoje são de quartos
com banheiros, onde podemos, inclusive, comer nossa refeição aquecida pelo
micro-ondas.
Voltando: Com a teoria de Darwin, inevitavelmente
concluímos que nosso cérebro evoluiu, mas ainda com o mesmo objetivo, apenas
atender melhor, e agora veladamente, aos nossos instintos. Com essa reflexão, não
fica difícil deduzir que a humanidade nunca atingirá um nível mental superior.
O que evolui de fato é o que construímos, mas nunca o que somos. Portanto, se
Darwin estiver mesmo correto, vamos precisar de uma intervenção externa para
nos tornamos pessoas melhores. Já falei mais especificamente sobre isso aqui.
"Nada
é mais difícil de executar, mais duvidoso de ter êxito ou mais perigoso de
manejar do que dar início a uma nova ordem de coisas. O reformador tem inimigos
em todos os que lucram com a velha ordem e apenas defensores tépidos nos que
lucrariam com a nova ordem."
Nicolau Maquiavel
Abraço: Ao CM que lembrou
da musica da banda REM pertinentemente, dando-me a ideia de citá-la nesse
texto.
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