"Que
a importância esteja no teu olhar, não naquilo que olhas."
Se todas as publicações deste blog fossem juntas uma única publicação, o
presente texto seria o recurso “desviando” que costumo usar dentro de cada post. Portanto, desviando...
Relevância. Essa é a palavra com
a qual eu cismei desta vez. Já parou para pensar nela? Quão relevante pode ser aquilo
que você pensa e acredita? Quão relevante são as coisas pelas quais você tem
interesse? Quão relevante é você? Estas questões estão intimamente ligadas a,
ou dependem de, um ponto de referência que permita diferenciar o que é
relevante do que não é. Vale observar, àqueles que leem o blog pela primeira
vez, que dificilmente encontramos as respostas e que não será diferente hoje,
acho.
re.le.van.te
adj m+f (lat
relevante) 1 Que releva ou fica
em relevo. 2 Importante, saliente. 3 De grande monta ou valor. 4 Indulgente, condescendente. sm p us Aquilo que é preciso; o
indispensável.
Importante? Indispensável? Muito bem, mas o que ou quem define aquilo
que é importante? Qual a referência? Por exemplo, o que eu escrevo é relevante?
A minha resposta é sim, é relevante, pelo menos para mim. Tanto que até continuo
escrevendo. Indo além, arrisco dizer que existem também pelo menos outras 100
pessoas que consideram relevante os meus textos, pois é aproximadamente esse o
número de acessos que tenho por publicação, as vezes um pouco mais, frequentemente
um pouco menos.
Desviando: Você se mudaria para uma cidade de um milhão de habitantes
onde apenas uma pessoa é assassinada por ano? Essa taxa de homicídio pode ser
irrelevante para você que decide chegar, mas uma esposa e um filho podem
considerá-la significativa o suficiente para decidirem sair, pois não suportam mais
lembrarem do marido e do pai morto em tudo o que veem pela cidade. Relevância
versus particularidade.
Voltando: Instintivamente, nós tendemos a associar a palavra relevante a
quantidade. Um milhão de pessoas interessadas parece tornar o objeto de
interesse bem importante. Apenas uma ou duas pessoas interessadas não enobrece
o objeto de interesse tanto assim, mas é suficiente apenas para classificá-lo como
uma estima particular.
Certa vez ouvi uma história curiosa (estou adaptando para universalizar a ideia). Ao se
encontrar com um amigo, um homem religioso disse, "a minha vida religiosa foi
irrelevante, pois consegui convencer apenas uma única pessoa a se arrepender
dos seus caminhos maus". Ao que o amigo indagou, "te entendo, mas quem foi essa
pessoa que se converteu com sua ajuda?". Então o religioso respondeu, "ah, um tal
de Jorge Mario Bergoglio".
Muito interessante, não? Essa história mostra como tentamos, até o
último instante, classificar o relevante pela grandiosidade dos números. Se a
história terminasse da seguinte maneira, "ah, um tal de José da Esquina", talvez
acreditássemos que a vida religiosa do homem tivesse sido mesmo irrelevante.
Pois bem, e se eu disser que um vídeo clipe teve 28 milhões de
visualizações em apenas três meses no Youtube? O que pensaríamos
dele e de seu autor? E se eu dissesse que uma outra versão da mesma música, com
participação do cantor Lucas Lucco, teve quase cinco
milhões de acessos em apenas dois dias? Pois eu estou falando de um funk, estou falando do MC Bin Laden (não
achei uma página no Wikipedia
que o apresentasse e também fiquei tentando entender porque esse título nos choca menos do que chocaria um MC
Hitler). Eu gostaria que existisse outra forma de dar esse exemplo sem fazer
propaganda, mas não tem jeito. A música chama-se "tá tranquilo, tá favorável" e
você pode conferir o vídeo aqui, mas não o veja
inteiro, veja apenas o suficiente. E decida-se, relevante?
Não obstante, esse vídeo abriu a minha mente. Se o clipe musical teve 28
milhões de acesso em apenas três meses e ainda assim eu não o considero
relevante, então o cerne da questão não é a audiência, mas o tipo dela.
A questão não é quantitativa, mas sim qualitativa. São os tipos de pessoas que
se interessam que tornam o objeto de interesse relevante, mas não a quantidade
delas. O importante é quem está aí, no seu lugar, lendo, e não quem está aqui,
no meu lugar, escrevendo. Então, a pergunta correta é, quais são os tipos de
pessoas que o conteúdo atrai? Por isso, eu fico lisonjeado e grato, pois os
meus textos são todos lidos apenas por pessoas de muito conteúdo.
Sem estender-me demais, quero terminar redimindo-me, fazendo propaganda
de outro vídeo clipe, compartilhado apenas por pessoas relevantes, das quais,
como já disse, não tenho dúvida alguma que você faz parte. Você pode conferi-lo
em sua versão original aqui e em outra versão,
que também gosto bastante, aqui. A letra da música é
bem pertinente ao assunto e certo trecho diz o seguinte...
"E
na luz nua eu enxerguei
Dez
mil pessoas talvez mais
Pessoas
conversando sem estar falando
Pessoas
ouvindo sem estar escutando
Pessoas
escrevendo canções
Que
vozes jamais compartilham
E
ninguém ousou
Perturbar
o som do silêncio
(...)
E
as pessoas se reverenciaram e rezaram
Para
o deus de neon que elas criaram
E
um sinal faiscou o seu aviso
Nas
palavras que estavam se formando
E
o sinal disse:
As
palavras dos profetas estão escritas nas paredes do metrô
E
nos corredores de entrada dos cortiços
E
sussurraram no som do silêncio"
Sound of Silence -
Simon & Garfunkel
Agradecimentos: A você que
lê e torna relevante cada um dos meus textos.
Legal saber a história do papa Francisco!!!
ResponderExcluirConfesso que dei uma adaptada na história original, mas também achei que ficou boa.
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