sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Feliz Ano Novo, Feliz Vida Nova

"Rezemos para que a raça humana jamais escape da Terra para espalhar sua iniquidade em outros lugares."

Começando com um desvio: Essa primeira parte foi inserida após o texto ter sido concluído. Depois que terminei de escrever esse post, percebi que tenho sido bem pessimista com relação a nós, a humanidade. De fato, já havia percebido isso há mais tempo. Tinha desistido desta publicação e estava tentando escrever algo mais animador, mais motivador. Havia ficado preocupado, ou eu conseguiria fazer você ficar tão baixo astral quanto eu tenho estado, ou você deixaria de ler o meu blog. Obviamente, nenhuma dessas duas opções me agrada. Então, pretendia voltar a falar um pouco de física, matemática e filosofia, como em outros momentos. Até tenho algo rascunhado já. Porém, após ficar sabendo da música que promete ser o hit do carnaval de 2017, de ver mais atentados e massacres e de ver a foto de mais um bebe refugiado afogado, eu não consegui. Não dá para não ser pessimista. Ah, sobre a música, não vou citá-la, pois é cheia de palavras vulgares e de obscenidades. Para se ter uma ideia, uma emissora solicitou uma versão mais light para poder transmiti-la. Caso você ainda não a tenha ouvido, tenho certeza que ouvirá, pois essas coisas sempre conseguem se espalhar.

Agora sim, começando pra valer: Um setor que vem crescendo a cada ano, conquistando cada vez mais adeptos, é a autoajuda. Segundo essa reportagem, entre janeiro e setembro de 2015 foi registrada uma queda de 2,8% no volume de vendas de livros, em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior. Porém, os livros de autoajuda, apresentaram no mesmo período um aumento de 5,9% nas vendas. Eu particularmente acredito que esse sucesso se dá por um motivo principal, não estamos conseguindo lidar com o fato de não podermos tornar real o parque de fantasias que estamos construindo. Se não gostou da alegoria, leia esse texto.

Salvo raríssimas exceções, o que todo mundo busca ao ler um livro de autoajuda é a felicidade individual. Deve existir, mas confesso que ainda não vi um livro sobre como tornar a vida de sua(eu) companheira(o), ou familiar, ou amigo(a) mais feliz. Tudo bem, confesso que não procurei. No entanto, no universo do que nos alcança sem exercermos algum esforço, eu poderia listar uma dezena de livros sobre a busca pela própria felicidade, mas nenhum pela felicidade do outro. Para mim, isso já é suficiente. E para piorar, como disse anteriormente, a felicidade é algo que construíram, que está lá fora e que prometeram que podemos alcançar. Bem, se você viveu a vida toda e não conseguiu, não conquistou, ou não alcançou, você deve ter sido mesmo uma pessoa bem infeliz, ou quem sabe, nunca leu um livro de autoajuda.

Deixando a ironia de lado, enquanto buscava dados sobre o tema, encontrei uma publicação bem lúcida sobre o assunto. Quase que eu a classifiquei como autoajuda, mas como a abordagem sugerida não gera resultados rápidos, não contém os dez passos diários de um homem de sucesso, não contém os sete pensamentos que se deve evitar para ser plenamente amado, e muito menos a fórmula para se conquistar o mundo com o estralar dos dedos (poxa, eu disse que tinha deixado a ironia de lado neste parágrafo), eu preferi colocar o link na pasta "vale a pena ler novamente de tempos em tempos" e desclassificá-lo como "autoajuda".

Desviando: Recentemente, um vendedor ambulante foi assassinado ao tentar defender um morador de rua homossexual. Dois homens perseguiam a vítima com o intuito de espancá-la, sabe-se lá por qual motivo, mas dá para imaginar. O vendedor, presenciando o ocorrido, tentou intervir, acabou virando alvo dos dois selvagens e foi morto. Ao ver essa notícia, eu fiquei pensando, a única pessoa da história que tentou defender o interesse alheio morreu. Imaginemos que a autoajuda pudesse prever o futuro, que tipo de conselho ela teria dado ao vendedor antes do ocorrido? Teria dito para ele fazer o que fez e sinto muito, mas não há um futuro promissor a sua frente? Teria dito que ele deveria ser mais individualista, deixasse que os outros resolvessem os próprios problemas, só assim ele alcançaria felicidade, conquistas e sucesso? O que a autoajuda teria a dizer ao vendedor e a sua família? Ela tem o poder de reparar essa ferida? É reparável? Que receita de felicidade há para quem não terá mais seu pai e seu marido ao seu lado?

Voltando: Confesso que minha sensação é que temas de autoajuda são para pessoas que não estão precisando de ajuda, mas sim para aqueles que só estão buscando um "tapinha nas costas", um "vai lá tigrão, você consegue", ou alguns "confetes" lançados sobre si. Que fique claro que é só a minha opinião, diga-se de passagem, uma péssima opinião (desta vez não fui irônico). Sem falar que sou do tipo que lê livros de autoajuda, ou pelo menos lia.

Nós homens não somos capazes de alcançar e viver a plena felicidade. Tudo o que esse mundo pode e nós mesmos podemos oferecer são apenas ilusões. Nem este mundo, nem ninguém poderá oferecer a felicidade que eu realmente quero. No máximo, conseguirei viver tentando fazer com que a tristeza seja a menor possível para mim e para as pessoas ao meu redor.

Aliás, sabe o que me entristece profundamente? Que o sol nasce para bons e maus eu até aceito. Não tenho problema em tolerar que os maus se deem bem. Difícil para mim é conformar-se de que o bons se deem mal. Isso dói de verdade.

Foi inevitável, busquei encontrar um único bom motivo para continuar tentando ser moralmente bom nessa vida. Quem sabe seja para levar adiante o legado da minha família, sem denegrir a minha imagem e nem o meu sobrenome. Besteira, daqui a duas gerações, talvez três no máximo, a minha existência terá sido limitada a registros de nascimento e casamento em um cartório. Talvez um possível motivo seria construir um mundo bom para as gerações futuras, para perpetuação da espécie, mas para quê? Um dia, um asteroide nos atingirá, ou o sol nos queimará, ou um supervulcão vai entrar em erupção, ou algum evento cataclísmico irá nos dizimar, isso se nós não nos destruirmos antes. Então, para que postergar o fim? Ah já sei, um bom motivo para continuar sendo moralmente bom seria para evitar problemas. Que problemas? Os verdadeiros canalhas se dão bem sempre, ou pagam para não se darem mal.

Pode não parecer, mas eu sou um cara esperançoso, beirando a utopia. Talvez seja a fonte dos meus dilemas. Cheguei a seguinte conclusão, eu quero um mundo em que interesses pessoais não tenham vez. Se existir somente uma chance desse mundo existir, eu vou me agarrar a isso até o final. Minha esperança é que a plenitude venha de fora. É a  nossa única saída, pelo menos sob minha ótica. Por sorte (minha) alguém um dia, uma única pessoa em toda a história dos seres humanos, reconheceu nossas incapacidades, não nos julgou por isso, mas nos prometeu transformar tudo, bastasse que tivéssemos esperança (na verdade fé). Como disse, sou esperançoso, agarrei-me a isso, acreditando que a verdade existe, independente se acreditamos nela ou não.



"Nossos corações humanos esquecem como são fortes
Se perdem no longo caminho
Não é desistir, é se desapegar
E para ir a um lugar melhor"

Neste ano que começou, eu cogitei uma meta nova, a de iniciar uma terapia. Talvez até tomar alguma medicação que venha a ser necessária. Quem sabe assim, tudo fique bem e resolvido, já que o problema deste mundo só pode ser eu e meu pessimismo.

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