domingo, 20 de março de 2016

Se o Leão Criasse Consciência, Se Tornaria Vegetariano?

"Não sou eu quem está confuso. Você nem mesmo sabe quem você é."



Leonard Mlodinow disse em seu livro "O Andar do Bêbado" que, se não acreditasse em aleatoriedade, agradeceria a Hitler pela própria existência. O exército alemão matou a esposa de seu pai e seus dois filhos, apagando a vida anterior que tivera. Portanto, foi por causa da Segunda Guerra Mundial que o pai de Leonard mudou-se para Nova York, conheceu a sua mãe, também refugiada, e tiveram três novos filhos, entre eles o próprio Leonard.

No livro "O Dilema De Einstein" de Jeremy Stangroom, o seguinte dilema moral é proposto, "Lamentamos mesmo que Hitler tenha existido?". Ele propõe a seguinte questão, se tivéssemos a capacidade de viajar no tempo, deveríamos voltar ao passado e matar Hitler antes que ele se tornasse o que se tornou? Assim como mencionei sobre Leonard, quantos milhares ou milhões de pessoas não teriam nascido caso a grande guerra não tivesse acontecido?

Estas questões giram em torno de um paradoxo, a obrigação moral de lamentar um grande mal sem uma exigência moral de lamentar a própria existência. Em outras palavras, se não há uma exigência moral que obrigue o sacrifício da própria vida para impedir determinado mal, então também não se pode exigir que se lamente a ocorrência do mesmo mal, caso a única maneira de impedi-lo seja à custa da própria existência. Talvez, o máximo que se possa fazer seja oferecer os pêsames pelo mal ocorrido, junto com a sinceridade de que se a própria existência pudesse ter acontecido em circunstâncias diferentes, assim o preferisse.

Mas não vamos dar o assunto por encerrado, pois essa foi apenas a introdução. Extrapolando a discussão, um leão em busca de alimento, caçando uma zebra, é mau? E os seres humanos, criando quantidades "astronômicas" de gado ao longo dos anos para se alimentarem, são malvados?

É fato que só foi possível alcançar a atual quantidade de pessoas no mundo porque "evoluímos" os métodos de produção de alimento, seja a pecuária ou seja a agricultura (isso, estou falando dos agroquímicos também), sem falar da medicina (os testes laboratoriais com animais). Talvez você só exista porque algumas dezenas de animais foram mortos, centenas de árvores foram derrubadas e milhares de animais perderam suas "casas". Ou pior, talvez você só continue existindo, pois essas coisas ainda continuam acontecendo. Você, eu e todo mundo somos os responsáveis por tudo o que está acontecendo ao Meio Ambiente.

Então, até que ponto estamos mesmo preocupados com os "animaizinhos", a natureza e a sustentabilidade? O que estamos dispostos a dar em prol de nossas ideologias? Talvez conseguíssemos resolver todos os problemas do planeta eficazmente se metade, ou quem sabe dois terços da população mundial "enfiasse uma bala" no meio da própria cabeça. Quem se prontifica? Calma, muita calma nessa hora. Nós estamos falando apenas hipoteticamente. Estamos apenas querendo colocar nossas ideologias à prova para pensarmos sobre elas.

Já soube de "crentes" que chamaram Jesus de Genésio, quando seus ideais foram testados. Não se engane, já soube de ateus que chamaram Genésio de Jesus quando o "chão lhes faltou". Já vi "machões" chorarem como crianças quando foram pegos. Já vi feministas que dariam tudo por um pouco de músculos à sua disposição quando precisaram. Já vi intelectuais gaguejarem e "grosseirões" andando sobre as pontas dos pés, quando a autoconfiança foi colocada à prova.

Desviando: "Oh, eu não sei se eram os antigos que diziam
Em seus papiros Papillon já me dizia
Que nas torturas toda carne se trai
Que normalmente, comumente, fatalmente, felizmente
Displicentemente o nervo se contrai
Oh, com precisão"

Voltando: Por que você não testa suas ideologias, seus ideais e sua fé? Questione a sua autoconfiança. Porém, se estiver disposto a fazer isso mesmo, não faça de forma tendenciosa. Faça pra valer. A não ser que você já saiba onde quero chegar com esse texto e se conheça o suficiente para saber que não precisa fazer teste nenhum, ou mesmo que não irá suportá-lo.

Enfim, o que fazer? Como ser o que talvez tivéssemos que ser? Ou como sermos melhores do que somos hoje? Não sei. Pelo menos deveríamos buscar nos reconhecermos, ou melhor, buscar nos conhecermos. Deveríamos deixar de tentar parecer quem não somos, ou de parecer mais do que somos realmente.

Apenas para deixar bem claro o meu ponto de vista, não tentei defender Hitler. Não tentei dizer que ele não é tão mau assim. Eu tentei dizer que todos nós somos naturalmente maus. Fica a esperança de que não passamos de leões caçando zebras, ou pelo menos de que sejamos julgados assim.

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